quarta-feira, 19 de março de 2008

Andes e Depois


Para entender melhor esta latino América não nos podemos deixar de saber que tem crescido e desenvolvido mais do que os analistas mais positivos pudessem imaginar. No entanto as fraquezas e pobrezas não desaparecem tão rapidamente, estão e mais disfarçadas pelo grande aparato de desenvolvimento das cidades maiores e pelo turismo.
O turismo é forte, parece acolher e aconchegar e por ai é fácil cairmos na tentação de nos deixarmos levar somente por aquilo que eles querem, ou seja, por tudo o que é disponibilizado por agências de turismo. Felizmente o mundo, e obviamente a viagem, é muito mais para além disso. E, como tudo, se o queremos ver de maneira diferente há que fazer por isso...há que buscar.

Saindo de Sta. Maria em direcção a Cusco fui de minibus numa viagem de 5horas em que fomos passando pelos Andes. E se antes estava calor, ai congelávamos. Neblina, chuva e granizo! Impressionante paisagem a 4300 metros de altura. Acho que nunca me tinha sentido tão perto do céu não só pela altura mas também pela pureza de lugar e a autenticidade das pessoas que ai vivem. A medida que íamos de minibus, olhava para a estrada e reparava que umas criancinhas corriam para a berma a esticar a mão assim que ouviam um carro passar nas longas estradas. Passou se isto algumas vezes ate que matei a curiosidade perguntando ao motorista o que queriam eles, que significava aquilo... Ao que este me responde que esta gente que vive demasiado longe dum centro qualquer e que ali, aquela altura só da para cultivar batatas e utilizam as ovelhas e algumas lamas que tem, e com isso se sustentam. Tem uma escola onde todos juntos na mesma sala aprendem as diferentes matérias em Quechua.

Ao virem para a berma da estrada esticar a mão fazem-no na esperança que algum carro pare e lhes de alguma comida ou mesmo um fosforo que os ajude a fazer fogo que os aqueça e ilumine. Fiquei quase sem palavras, a única coisa que me ocorreu foi pedir que parasse quando visse os próximos. E assim foi, paramos e la estavam eles de mão estendida e fatiotas dos andes, sentia se um frio inacreditável e pensei no que sentiram eles com inverno mais duro. Fui ate a mochila grande e saquei o que tinha, uma lata de atum e outra de leite condensado. As duas crianças muito castiças, com os trajes típicos, sorriam e de olhos arregalados recebiam...mas não sabiam o que lhes tinha sido acabado de dar. Duas coisas que nunca tinham visto na vida. Vejo então ai o maior postal com som, o motorista começa a falar com eles em quechua explicando lhes o que é o atum e o que é o leite condensado.

Inacreditável, fiquei colado a ver todo este momento. E quando o amor se une ao dever (de lhes dar) caímos em estado de graça, e foi isso que me aconteceu!! Sabemos que existem estes lugares, estas pessoas mas presenciar isto da nos uma ideia completamente diferente daquela que poderíamos ter. Viver de perto, tocar estas pessoas e estas fatiotas...Já vivi muitas coisas que me fazem feliz, e percebo que são as experiências, são as pessoas...são as vivências que transformam vidas simples em vidas boas. E a oportunidade, disponibilidade e deixarmo-nos levar pelo coração, sem medo de ajudar sem medo de dar sem medo de ir com todo o amor para cima daquilo que vivemos. Deixemo-nos fluir e a magia do sorriso na cara começa a espalhar-se.

Chegado a Cusco, saio de pronto para Lima para ai fazer uma parada antes de seguir para Mancora já perto da fronteira com o Equador. Foi fugaz a minha passagem mas tive tempo de conhecer parte do lado peruano da família da Inês. E que bom que e ser assim recebido por uma família como se de um neto mais se tratasse. Para Mancora segui, lugar de praia e paragem obrigatória para quem gosta dessa vida. Povinho com cheiro a mar e clima parece caribe. Durante o dia sol que tosta e a noite chuva mas com calor na mesma que faz com que as pessoas andem em tronco nu y shorts.
Não podia ter sido melhor parada, já tinha saudades de um lugar assim...fez me viajar no tempo ate ao verão passado em Portugal. Fiquei ai dois dias fundamentais para o bom seguimento da viagem.
Sigo agora para o Equador começa novo projecto. Perceber que mais que turista quero ser viajante activo, nativo ate de cada lugar onde vá ficando. E verdade que e fácil que a viagem siga e eu vá ficando parado. Há que saber o que fazemos, para que lado vamos e para que lado queremos ir. Voltar a saber o que me trouxe aqui a este continente e voltar a entregar me de cabeça e a este novo projecto no Equador.
Mais que em qualquer altura, aproveitar este tempo de Pascoa que mais não e que um renascer não meu somente mas meu com todos. Asi es...

7 comentários:

Anônimo disse...

Boa Páscoa, n tenho duvidas q a vais passar da melhor maneira...abrazo (em cristo) ALELUIA! ALELUIA!

TOÍA

Anônimo disse...

Felices Pascuas!!!
Se que estás pasando de la manera que vos querías.
Estoy viajando con vos a través del blog.

Besos
Naty

inésia disse...

oração do pobre:

"são as vivências que transformam vidas simples em vidas boas"

MARta disse...

Santa Páscoa Francisco!

Anônimo disse...

francisco, ler o teu blog faz me bem!a mim e a qualquer um q seja sensivel e q escolha alguns minutos do seu tempo para levar com este banho do q realmente é bom e importante na vida! fico com tanta vontade de me mandar prai,ja agora conhecia a minha familia..espero mesmo q tenhas sido bem recebido,é uma sorte ter te como amigo. BEIJINHO COM MTAS SAUDADES
ines *

Anônimo disse...

Penso muitas vezes no meu rico afilhado caminhando por terras tao maravilhosas e tao sãs, pelo que tu contas e encontras. Passiei contigo enquanto lia a tua forma com tanta categoria que tens para escrever. Aprendi! Senti-me profundamente ligada e a Deus peço que continues a semear o bem nessas terras que tanto te encantam! Beijinhos Tia Lena

Anônimo disse...

hola........sabes te extrañoun monton...y de verdad que tienes suerte de conocer tantos lugares...ojala nunca te olvides de mi...cuando puedas avisame para hablar por el messenger...Dios te bendiga...te quiero mucho..
Att.Jessik---Shell