quinta-feira, 27 de março de 2008

Hey Quito, vamos dar nosso show!!


Depois de uma experiencia tao boa em Guayaquil, volto a apostar no couchsurfing para me alojar na capital do país y desta vez tocou-me a familia Hidrobo. E mais uma vez fico boqueaberto com a maneira como uma casa abre as portas desta maneira a um total desconhecido. Tiveram sorte que sou boa pessoa!!
Já depois de muitas pessoas, nesta viagem, me terem dito que so quero saber daqueles que vivem em condicoes miseraveis, venho parar a esta familia que aparentemente nao lhes falta nada. Infelizmente as “coisas” ganham valor insignificante quando se tem todas essas “coisas” que se quer. E o que fica a faltar, na maior parte das vezes, é o amor que se converte directamente em falta de esperanca e confianza. Isto nao se compra, há que ganhar e há que querer ganhar. Torna-se muitas vezes mais difícil ver este “esencial” quando se tem muita coisa á frente dos olhos…e o grande problema nao é a doenca do doente mas o doente da doenca, ou seja, a atitude frágil do eu perante as doencas psiquicas.
Nao quero dizer com isto que fui mal recebido, antes plo contrario, trataram-me bem de mais. Tinha um quarto para mim com banho privado, cama, roupa lavada e todas as refeicoes que quisesse. Mas o que senti foi essa falta de esperanca e confianza nesta familia, que os faz relacionar entre eles mas sem se comprometerme muito, coisa que nao senti ou pouco vi em outras tantas familias com quem estive, mais modestas…

A Pascoa chega e volto a aprender com este tempo como ja me tinha acontecido em outros anos pela mesma altura. Estava em Otavalo ainda a dar os primeiros passos no Ecuador e passei a tarde de domingo conversando e compartindo com uma das muitas familias que se encontravam na praca principal celebrando tranquilamente. Ao fim do dia voltei para Quito e para os Hidrobo e ai tivemos uma noite em paz com jantar em familia. O que mais se celebra é a sexta-feira santa e depois disso é apenas um ritual mais calmo y tranquilo até cegar o domingo de Páscoa.
Tudo pode ter sentido sempre mas ganha muito mais se for vivido todo o tempo, como acto isolado o domingo nao se entende muito bem e acaba por ser mais um como os demais sem se perceber o significado de Aleluia. Um pouco estranho por sentir que aquí muitos vivem de uma maneira que nao conhecia, aproveitam para tomar mais e nao foi difícil ver uns perdidos deitados no chao da rua. Afinal que festejam eles?! Infelizmente isto é o que se passa em muitos lugares que se faz por fazer e festeja porque os outros vao festejar tambem e nao sabem porque o fazem, as razoes nao podem ser compartidas por todos.

Mas Otavalo é precioso demais que nos faz surpreender a todos seja pelas pessoas amaveis, os trajes quem utilisam e os vendedores natos que o sao. O luhar em si parece uma vilazinha encantada!! Sao eles os mayores comerciantes do Ecuador e talvez da America Latina. Estao espalhados por todo o mundo e sem em Portugal alguém ja se deu conta dos ecuatorianos que vendem roupa nos festivais de verao, sao otabalenhos. Viajam por toda a parte e desenrascam-se muito bem. Foie m almoco com o Cónsul de Portugal em Quito que soube disso. Contou-me que eles já fazem convites para outros otabalenhos receberem o visto e entrarem no país de forma legal, impresionante!! Daí de Otavalo nasce-me o sonho de ir a um casamento andino desses que duram 3dias e metem as melhores fatiotas que vi…estaria buenísimo!!

Foi com este mesmo Cónsul, Oswaldo Torres, com quem me comuniquei durante a viagem para ter um projecto ca neste país. A través dele cheguei a http://www.innfa.org/ e eles tinham ja uma lista de possiveis colaboracoes minhas para diferentes organizacoes de acordo com o meu currículo. A pesar de tudo, tornou-se mais demorado todo o processo do que eu pensava porque no meio de tantos proyectos o dificl era escolher nao o mais divertido mas aquele que necesitase mais a minha ajuda. Foram dias de entrevistas a estudar os possiveis destinos de cada organizacao. Ha tambem departamentos criados pelo novo governo que mais nao serve que apenas fingir que tem uma tarefa nobre com burocracias e vocabularios caros. É bom é ter amigos…

Enquanto visitava e conhecia por dentro as organizacoes tive tempo para visitar a fabulosa cidade de Quito. Um centro historico dos melhores que vi por estes lados com igrejas ricas que convertem qualquer um pela harmonia e paz que transmitem, pouco trafico e vistas inacreditaveis (estou a uma altura de 2800 metros do nivel do mar).
A sorte que tenho de poder estar aquí neste momento a conhecer tudo isto, a ver com os meus olhos, a absorver cada lugar e pessoa com quem me cruzo…nao há preco que pague isto.
Uma familia que tambem sem me conhecer me acolhe e me dá todo o apoio e conforto familiar que tao bom e importante é quando estamos fora de portas. A simplicidade e hospitalidade das palabras deles ao dizerem-me para nao ter pressa de sair, que decida o melhor e que até lá fique tranquilo em casa deles. Ninguém os obriga a fazer isto, fazem-no porque sentem. A verdade é que recebemos muito mais quando damos, quando entregamos e entregamos a nós mesmos. Há uma palabra que retrata e define um conjunto de sentimentos em que dás o teu melhor, em que és autentico e nos sentimos bem por isso. Chama-se Amor. O Amor com que se faz e vive as coisas.

Acabo de concretizar um sonho antigo que tinha, o de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Cheguei aquela que é considerada a metade do mundo e daí toquei hemisferio norte e sula o mesmo tempo. Que sensacao de grandeza e de achicamento do mundo. Mas maior grandeza que esta é a de

descobrir que aqui é a metade do mundo. E ainda eu me queixo das contas que tenho para fazer os cambios em cada país...

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