segunda-feira, 31 de março de 2008

DESPRENDE-TE Y PARTE...

“As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade”
Este verso que oiço agora não podia fazer mais sentido. Se já me tinha apercebido disso em Portugal antes de sair, volto agora a recordar e faz ainda mais sentido.
Estes dias agora em Quito no quente da casa ajudou-me perceber que há que trabalhar mais a humildade, algo que só se consegue com um treino diário. Corresponde a quem é nada, verdadeiro mendigo que necessito dos outros para mover-me, para viver, para ser.

O “desprende-te e parte” se tivesse sonido seria um forte grito, não de revolta mas de renascimento. Um grito que me alerta para tendência de um se deixar cair no desleixo e ser levado pela corrente sem saber para onde vai ou se vai para algum lado.
Passados que estão alguns meses de viagem, sinto-me Numa fase de maturidade. Já passou o xitamento inocente por estar apenas com uma mochila num continente desconhecido e sou perfeito dono das acções que faço
Vou-me apercebendo que muitas das coisas que fazia ou guardava não eram de facto necessárias e me impossibilitava de dar este grito de desprendimento e deixar-me ser ainda mais livre.
O que faço é ir soltando o que não tem utilidade muito grande ou me prende o andar. Perder os chinelos bonitos, largar as tshirts que me faz te ruma recordação aparentemente especial, dar o que esta a mais e vestir o que sobra. Se nos primeiro dia nos pode fazer falta no segundo já nem nos lembramos que utilidade tinha…
Deixar assim soltar o gigante que há dentro de nós, deixarmo-nos levar pela autenticidade nossa, das pessoas e lugares por onde passamos porque caso contrário se admitirmos que a vida humana se pode reger pela razão destruimos a possibilidade de vida. Tudo isto faz com que me sinta 100% aqui a agarrar as pontas de corda que me vão aparecendo ajudando a chegar mais á frente…

O próximo passo é Amazónia Ecuatoriana onde aceitei colaborar com uma fundação por 1 mês. Aí vou dar aulas dinâmicas de apoio a inglês, aulas de teatro e ajudar a desenvolver o turismo comunitário desse lugar com apoio de uma francesa que faz estagio da universidade.
Ao falarem comigo tratavam-me como se fosse um maestro nestas áreas e apresentavam-me ás outras pessoas da fundação como experto de marketing y teatro, a verdade é que não tenho praticamente experiência de trabalho nestas áreas mas…confio bastante porque afinal de contas vou trabalhar com o que realmente gosto!! Algum dia teria que começar e sei que a preparação vem com a necessidade de estar preparado. Tenho noção das minhas capacidades e vou acreditar que sou realmente uma mais-valia…porque se eu não confio em mim mesmo é impossível ganhar a confiança dos outros.
Regalam-me lugar para dormir, comida e roupa lavada… e eu garanto-lhes dedicação no trabalho. Não é necessário seres forte, o importante é sentires-te forte!!

Parto assim para a Amazónia a um lugar chamado Shell. Para trás deixo uma família linda que me apoiou todo o tempo e que sem se aperceberem, me abriram ainda mais os olhos. Numa das conversas com uma das filhas da família falava-lhe da necessidade de me desprender mais, ao que ela me responde “si, entendo. Mas há certas coisas que não nos podemos exigir libertar como de um bom jantar num bom restaurante, uma ida ao cinema, etc.” Aí percebi que não estávamos a viver a mesma realidade e que sou um homem de sorte. O truque não está em ser diferente, está em ser mais exigente!!

6 comentários:

Anônimo disse...

da única vez k t vi e das poucas palavras k trocamos achei-te uma pessoa oca por dentro. Felizmente enganei-me! Deve ser de facto extraordinário sentirmo-nos realmente úteis em causas k realmente merecem empenho por parte de todos nós! Mas na maior parte das vezes Desprendermo-nos e partirmos, como sugere este titulo é deveras complicado. Graças a Deus há pessoas k acreditam e assumem esse compromisso d viver para os outros, despojado das coisas supérfluas do mundo.

MARta disse...

Francisco...este post superou!! vou ler e reler!
um grande obrigada pela partilha,pelo exemplo e um abraço apertado

Joana Pereira da Costa disse...

Meu querido Francisco, tenho a certeza que vai (ou está a) correr mesmo bem e que te sentirás como um peixe no mar. Uma pessoa vai sempre se conseguindo adaptar às exigências que se lhe faz e isso é importante. Tomar consciência do que se exige, para se poder adaptar, reagir às exigências e ir criando novas exigências. Admiro-te pelas tuas novas exigências e talvez até tenha uma ponta de ciúme pela audácia.
Quanto a sentires-te forte, amiguinho, com a tua altura, deve ser mto mais fácil sentires-te forte! lolol ;)
Um grande beijinho

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Finalmente conseguiste dizer aquilo q eu nunca consigui transmitir por palavras! Orgulho-me cada vez mais de ti.
Mts Bjs
Pancrácia

Anônimo disse...

Depois de lêr tudo o que escreves, me sinto " mais pobre ", pois´, És " Tão Rico " e apesar da Tua Riqueza...Tão humilde, o que Te torna ainda " Mais Rico! Tu " És Um Tesouro " Bjoo Isabel