segunda-feira, 21 de abril de 2008

HEADBEATS


Longe Vai o tempo em que eu era mais pequeño e nao dava espaco a que pessoas com ideias diferentes das minhas me falassem ao ouvido e muito menos as deixava tentar chegar ao coracao. Tenho aproveitado muito esta familia com quem estou a viver. A oportunidade que me foi dada de compartir com eles a mesma casa, o mesmo tacho e admirar a uniao que há e a necessidade de pertenca que é saciada com a dedicacao de cada um deles seja nas horas de trabalho e chega a casa seja na multiplicacao da personagem Pai para alcansar todas as coisas importantes e fundamentais para a familia viver bem e feliz. Isto consegue-se fácilmente pondo amor em tudo. Tudo parece simples e realizable…

Aos domingos acompanho-os á igreja/templo evangélico que para além de palavras inteligentes que sao proferidas é todo um momento de familia. Musica que parece acustica de um concerto dando ganas de me meter no meio a bailar…e momentos mais tranquilos de saber ouvir bons conselhos. Nao concordo com tudo mas absorvo o que para mim é importante e o resto deixo passar. Eu, como todos os novos que lá aparecem, tive directo a uma apresentacao diante de todos com saludos e tudo…confesso, senti-me dentro dum grupo anónimo de qualquer coisa!!

Por outro lado tenho acompañado um padre católico ás comunidades mais indígenas de Madre Tierra. O trabalho que ele faz é variado mas sempre com a tentativa de melhorar e ampliar a visao dos mais pequenos seja com jogos de gincanas seja atraves de musicas que ele, pobrecito, vai tentando cantar ou tocar com o melhor ritmo que encontra dentro de si. Eu, tento ir alimentando-me da vida das comunidades para assim ganar ideias e novo fölego para trabalhar o projecto de turismo comunitario para essa terra. A alegria deles é absolutamente contagiante a todos, sorrisao na cara sem limites. O mais cómico aquí é que até os gelados que eles comem sao bananas. Uma banana espeta num pau e coberta de chocolate, super!!

Á saída das comunidades de Madre Tierra para voltar á Shell, a carrinha caixa-aberta parace um verdadeiro metro em hora de Ponta…por onde vai passando vao-se agregando pessoas e mais pessoas, correm e saem de todas as partes dos arbustos. Fica repleta de pessoas e estas vao saltando á medida que chegam ao seu destino no meio da selva. Numa destas viagens, á conversa com um amigo pendura disse-me que tinha que ir a Puyo comprar um martelo para continuar a construir a casa de madeira (pronta em 7dias) para a sua familia. Enquanto tava a construir perdeu o martelo no meio da selva e entao tinha agora que fazer esta viagem de 1 hora para ir a puyo e assim poder continuar o seu trabalho.

Mais uma licao de cómo o tempo é relativo. Queremos, quase sempre, të-lo sentadinho na nossa mao e controlar tudo e depois nao sabemos o que fazer com ele ou o utilisamos da pior maneira. Deixemo-lo correr libremente e corramos nós libremente com ele!!

As prometidas e movidas aulas de teatro continuam mas estao a perder iluminacao…O sucesso depende quase somente de mim mas a parte que nao depende de mim é a que nao posso controlar, depende dos alunos. Com as festas de Mera pelo meio e a vida tranquila sem preocupacoes e com poucas responsabilidades fez com que tenham vindo a quebrar estas classes. A minha vontade de pegar neles e lhes ensinar o que sei continua firme porque mais que apenas aulas sao momentos de pura evasao e ejercicios que nos ajudam a perder certos medos e vergonhas infantis, que na mayor parte das vezes nao sabemos porque as temos. Aprendi e ajudou-me muito quando fiz o curso de teatro em Portugal e por isso tenho ganas de passar para que possa ajudar a outros também e…especialmente aquí a estes moglis da selva!!

O “show time” the ingles vai muito bem e prometendo cada vez mais, o numero de presencas vai aumentando e só isso já é um incentivo muito grande para que continue buscando as melhores maneiras de lhes ensinar para que aprendam rápido. Num destes dias conheci um muchacho e uma muchacha voluntários, da Dinamarca, que estao a ensinar ingles numa escola de uma das comunidades de Madre Tierra. A conversar com eles para sacar ideias novas para mim, contaram-me que estavam ali a través dum programa especial de voluntariado do país deles que os mandou para outra organizacao do Ecuador e daí os enviaram para a Amazonia a viver com uma familia e dar aulas de ingles. Tudo lindo com o unico senao de terem de pagar 360 dólares/mës cada um. Este é já um ordenado razoável aquí no Ecuador e ao mesmo tempo o preco que determinadas pessoas estao despostas a pagar para ter certas experiencias. As ONG’s manhosas agradecem e vao continuar a enriquecer os bolsos enquanto houver gente disponivel para os encher. Para mim tudo nao passa de falta de confianca dos que pagam. Nao tem obligatoriamente que o fazer, se tivessem menos medo e confiassem mais…nao haveria organiozacoes, aparentemente bonitas, a chuparem plata.
Como diz Tony Melendez: “diceme yo quiero, yo puedo, yo voy…moverme para adelante!!”


Entretanto os cacadores de cabecas de quem eu falei que andavam a espalhar o terror pela Amazonia, principalmente pelas comunidades Shuar, , afinal nao se dedicam somente ás mulheres e tampoco a indígenas. Tratam todos por igual. Aconteceu com dois italianos o ano passado que visitavam a amazonia com um grupo mas que ao caminarem com eles perderam-se e…má sorte, foram ca}os por estes terroristas e o resto já se sabe!! Difícil de entender estes homens mas talvez haja uma pequena explicacao para isso. Tao pequena como o tamanho a que reduziam as cabecas dos familiares mortos atraves dum aquecimento especial que faziam dentro das comunidades. Estas tradicao dos Shuar é apenas uma pequenísima ponta de explicacao para o que está a passar na amazonia mas que mais nao faz que apenas matar a alguna curiosidade.

Depois de saber tudo isto…acho que vou passar a andar com cara-de-morto para que se acreditem que já nao sirvo!


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