quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Mundo secreto


Inexplicável o que estou a sentir desde que cheguei a Naupa Huén..
Dizia eu quando estava em Buenos Aires recém chegado de Portugal que me queria impressionar. E agora aqui estou colado atrás com o que vejo e estou a viver aqui.Fui convidado por Abias a passar cá uns dias porque é tempo de ferias e a muchachada vai para suas casas. Já tinha ouvido falar que a maioria vinha do campo mas nunca pensei que fosse “tão” campo. Já viver na Escola San Ignacio me fazia confusão por estar a 15km por estrada de pedras do centro de Junin então a viagem ate aqui percebi que tava a chegar a um lugar que nunca tinha imaginado poder vir a visitar nesta viagem que tou a fazer. Pelo meio víamos animais selvagens, avestruzes e gozam a dizer q tava a chegar a África..quase!!


A viagem de colectivo da escola levou-nos por 5 horas por estradas de terra e alcatrão e chegamos a um ponto q não podíamos passar mais porque tem um rio Limay (nasce em Nahuel Huapi) a passar. Ai assobiamos forte e gritamos como podemos e a lancha/barquinho vem-nos buscar para assim entrar-mos em Naupa Huén. Esse é o trabalho de um homem de lá, vir buscar sempre que chega alguem do outro lado.

Parece o deserto. As casas são todas de barro e não há mais de 200 habitantes sendo que quase todas as famílias tem pelo menos 5 filhos e por isso o numero de casas é baixo. A cidade mais próxima – Roca - fica a 300km.


Cheguei a casa de Avias depois de o pai dele nos ter ido buscar com um carro de guerra eu prefiro chamar tanque. 3 ou 4 divisões todas muito curtas mas cheias de cuidado por eles. Vou a casa de banho e tenho que ir comprar papel higiénico antes porque para eles é o papel que houver mais perto é o que vai. É um buraco no chão ladeado por paredes de barro, faço o que tenho a fazer como aprendi em toda a vida e saio com a sensação de que havia luz. Voltei e era mesmo verdade. Aqui eles não pagam electricidade mas esta só chega as 21:30todos os dias, que sorte que tive!!

A barriga, essa tem que se habituar porque assim que entrei em casa de Abias tava o pai dele já a oferecer cabeça de cordeiro. Javardamente mas com respeito saco uma parte e começo a desbrava-la, tem mesmo que ser assim. Os meus dentes a tocarem nos dentes do cordeiro e…siga arriba!! Ofereço um Vino de Oporto produçao Argentina (atentado ao nosso vinho) e dizem-me que não toma vinho. Azar! Seguimos conversando um bocado e conta-me a historia de um dos únicos objectos colados na parede, um quadro com a fotografia dele vestida de tropa. É o orgulho de 6 meses ao serviço do país.

Bafo que tava, tipo deserto, só dava para passar o resto da tarde no rio. Depois segue-se para o mini-mercado/café a que chamam “Dispensa” a beber umas cervejas e o por do sol mostra o que vale. Impressionante, tou fascinado!! Sigo agora para ver onde dormir…I’m alive!!

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