sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Elogio da loucura


Até agora achei que se houvesse alguma coisa que me pudesse prender seriam as crianças de um qualquer projecto que fizesse. Apercebo-me que não!
Chegou a 2ª feira dia em que Anja se foi embora para continuar em busca de sudamerica e de outros projectos e que custou mais do que eu pensava. Passaram 2 meses e meio e encontro uma companhia ideal por ter ideias parecidas e maneiras de ver que coincidiam com as minhas. Percebo que não importa tanto os princípios que diz ter mas a maneira como age e como deixa as portas abertas da pessoa que é. Grande companhia, visão alargada do mundo e vontade de o viver que é ainda mais importante do que ter simplesmente a visão das coisas.
A cada passo que dou percebo que a viagem me vai ensinar muito da vida, das dificuldades que há e essencialmente de saber lidar com emoções.


E a admiração pelos miúdos vai crescendo. Se antes achava q eram todos bons rapazes agora acho que são bons homens. Percebia que andavam pela quinta/escola que estudavam e trabalhavam umas coisas e não percebia que pastassem nos recreios que tinham. Levantam-se as 6:00 da manha arranjam-se lavam tomam pequeno almoço e arrumam as coisas todas, vão no autocarro para a escola. Começa as 8h e para alguns as 7:30 são os que estão de guardia (vai rodando), fazem os trabalhos rotineiros da quinta e são os últimos a sair pelas 7:30. E durante o dia tem aulas tanto de inglês, matemática, ordenhar vacas, construir recintos, regar, plantar, almoçar rápido porque não há pratos nem talheres para todos e ainda há a equipa que vai lavando durante o tempo de almoço para que nada falte. Ao fim do dia 18:30 vão de autocarro para os albergues e ai comem alguma coisa e vão estudar depois tem que tomar banhos limpar casas de banho, jantar e as 22:30 já estão todos na cama para dormir porque no dia seguinte será o mesmo. Para alem do mais de não estarem a viver em casa deles. Por isso há quem desista por não aguentar ou por não querer crescer. Faz todo o sentido quando os professores me dizem que quem termina tudo sai bem preparado para seguir para qualquer lado, saem com uma preparaçao muito completa.

Com o chegar do natal tive a sorte de ser convidado para o jantar de natal no albergue das meninas. Com enfeites, musica, muito boa conversa e um teatro cheio de mensagem deu para me aproximar bastante e o que eu queria. Perceber que há visões muito distintas do natal. Pessoas que quase tem vergonha por não terem uma garrafa que seja para poder fazer o brinde que tanto significado tem e por ai não desejarem festejar o natal, pela injustiça que sentem ao não poderem desfrutar daquilo que é “o normal”. Tento fazer ver que há mais do que apenas um brinde mas não é fácil, entendo.

E a minha casa vazia já não existe mais. Recém chegam umas novas personagens, um voluntário de Buenos Aires e seu filho. Grandes personagens!! A expressão tal pai tal filho aplica-se aqui melhor que em qualquer outras pessoas. O que diz o pai diz o filho e fazem-me tudo, refeicoes e limpezas é com eles. Ao principio ainda me preocupava com cerimonias...percebi que nao valia a pena lutar por ser eu a fazer, aprendo a desfrutar!!hehe

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