domingo, 25 de novembro de 2007

De Junin para o Mundo

Depois de 38 horas de viagem de El Calafate até Bariloche, volto a cambiar de ómnibus e as estradas mudam também. A minha barriga já nao sei o que me dizia se fome se azia. Bebia água e bolachas sem sabor para tentar que se calasse até que a paisagem de caminho até Junin de Los Andes me comecou a consumir toda a atencao e voltei a aperceber-me que estava na Patagonia. Montanhas, vales, rio. Neve no cimo da montanha, pessoas trajadas com roupa distinta da que me tinha habituado a ver neutros lugares..

Ao meu lado seguia um homem que ocupava quase 2lugares e que continuava a comer desenfreadamente. Pele vermelha, deu para perceber que era um local (ou visión dos locais). Mete conversa comigo com a tipica “de dónde eres?” Ao que eu respondo sem problemas “Nao tens nada a ver com isso, mete-te na tua vida!”...mentiiraaaa!!Ai comecou a conversa que duma viagem de 3 horas que ate ai se avizinhava silenciosa e solitaria da minha parte tal era o cansaco e mau cheiro que transportava comigo. Falou-me das rorigens italianas que tinha e mais do que isso fascinou-me ser um homem da construcao civil e saber falar italiano porque assim falava o avo dele. E assim me foi dando coordenadas legendando os Andes por onde íamos passando.

Chegando a Junin de Los Andes, ninguém estava à minha espera no terminal (como combinado) e comecei entao a dar voltas pela cidade. Bastou-me uma para cegar cegar e recorrer o centro! Tentativas de chamar para o suposto ser da Fundacao Cruzada Patagonica que me ia buscar e nada, nem sinal dele. Aproveitei para ir ao supermercado e comprar finalmente uma toalla de banho que ate agora nao tinha J e lá voltei a tentar até que consegui falar. Fiquei entao nessa noite hospedado num dos alojamentos de rapazes (mayores) que a fundacao tem. Bem recebido por todos, aterrei literalmente na cama e no dia seguinte ja me acordavam para seguir com eles no bus da escola que saia as 7:00.

A Fundaçao Cruzada Patagonica http://www.cruzadapatagonica.org/ trabalha em Junin e tem uma escola técnica para os filhos de distintas comunidades indígenas da Patagonia que assim aprendem as disciplinas normais de Historia, Geografia, Matematica, entre outras e ainda aulas de producto alimentar, florestal e outras da mesma onda. Dessa forma ganham formacao nas areas em que a mayoría das comunidades necessitam. Para além disso faz um acompanhamento das mesmas familias no local onde vivem, na comunidade, tratando de dar asistencia técnica e continuidade ao trabalho desenvolvido na escola.
Acaba por ser muito util porque aproveitam assim melhor os recursos que tem com a introducao de novas tecnicas que fazem melhorar/aumentar a producto.
Os alunos nao pagam nem pela escola nem pelo alojamento onde estao habitados durante o tempo de aulas porque na sua mayoría vivem longe isolados a muitos km de distancia o que seria um impedimento para estudarem em qualquer escola que fosse.

Assim cheguei demanhazinha no autocarro da escola e a sensaçao foi...MT BOA!! Estao habituados a ter voluntarios de outros paises, eu é que já nao estava habituado a ir à escola...e que escola!!

É uma quinta que fica a 10km do centro de Junin, isto é, fico no meio do nada. Tem ovelhas, bichos, passaros, arvores, rio e tudo o que rime com naturaza. E nestes lugares quando menos se espera...temos um cavalo atrás de nos a bufar, uma lebre a passarnos pelos pés ou uma manada de vacas a olhar com cara de caso. E é aquí numa casa feita para voluntarios/visitas que vou ficar a viver o proximo mes!!
Tem piada porque parece todo um seguimento logico os lugares por onde vou passando nesta viagem. Maior tranquilidade do mundo. Veio a primeira noite e que espectáculo...céu minado de estrelas e um silencio ensordecedor.
Veio a segunda noite e comecei a ficar aborrecido com tanta calmaria.

A casa onde estou vivo sozinho apesar de ter 2 quartos com umas 20 camas de beliche no total. Utilizo apenas uma do meio que é onde me sinto mais protegido pelas outras camas! Para alem de mim ha tambem a viver na quinta 4 professores cada um em sua casa e com a sua familia.
Das duas uma: ou dou uma de fazer um retiro de mês e saio daqui um eremita ou arranjo qualquer coisa que me distraia e com e que possa dar sentido aos fins de tarde e noite assim que todos os alunos se vao embora. É verdade que aquí há tempo para tudo (e isso é bom) mas o que aocntece é que quando nao há muito que fazer é indiferente ter muito ou pouco tempo.

Antes nao era assim porque os alunos viviam na escola até esta ter ardido em Agosto passado. Agora estao hospedados em casas e a grande mayoría no cuartel do exército. Ontem fui la jantar e a imagen é quase indescritivel. Senti-me a entrar numa prisao!! Uma camarata gigante com belioches de 3 camas e respectivo cacito por cama. rádios a passar cumbia e outros ritmos conforme o gosto do beliche, roupa e muito cheiro a macho. A quinta/escola é tao grande que nem me tinha apercibido ate agora da quantidade de pessoas que havia. Duarante o dia estao espalhados por diferentes pontos e nem se dá conta que é muita gente. Mas de todos sao sao gente “re copada” (gente boa onda) e assim facilita a integracao em qualquer dos grupos que se podem formar. Apetecia-me ter la ficado a dormir!





Revejo isto aquí como um campo de ferias em que participava mas a diferenta é que em vez de 10dias é o ano inteiro. Grande espirito de ajuda, de grupo. Nao ha mesquenhices de comida se um tem mais que o outro, agradece-se e ponto. Gente humilde e bem educada. Sabem na sua mayoría valorizar o que lhes é oferecido. Nos recreos ou horas mortas que normalmente sao de 20minutos nao se ve gente a jogar a bola, ficam a tomar mate a conversar debaixo da sombra da arvore a dizer boludices (idioteces).

Mas as 19h ja se vao os ultimos alunos e ai a escola torna-se um silencio grande de máis para mim. E nesta aproveio para remecer em papeis e salta-me o que Mario me deu antes de sair de Rio Gallegos “Francisco Hermano: cuando te sientas solo, sin compañía, acuerdate de mi. Levanta una madera del camino que yo estare o simplemente da vuelta una piedra y te acompañare” E assim me dá nova força para enfrentar o silencio e sacar o que de positivo tem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Francisco, estou completamente deliciado a ler e a ver o teu blog...
e msm assim, nao creio q consiga perceber um / milesimo do que vais guardar no coraçao.
um gd bem haja francisco... continua!!!

Anônimo disse...

Olá FRancisco.
Sou da Renascença e precisava mesmo que falássemos ainda durante esta semana. Será possível? O meu e-mail: cristina.almeida@rr.pt
É que esta aventura tem de ser partilhada. E como é Natal e o Natal vai ser diferente do comum, ainda fazia mais sentido. Entretanto, é aproveitar com a alma totalmente livre para que tudo isso fique lá bem e indelevelmente guardado. Bei juzzz Cristina