segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

SAVE THE LAST TROUT!!


Assim é!! Passada uma semana de que aqui estou, vou-me apercebendo que esta ilha tem um ritmo muito próprio. Os porcos a pastarem por todas as partes, os burros que geme de fome a toda a hora e vacas que também elas se manifestam passando pelo centro da ilha como se de animais pequenos se tratassem…Pelo meio as crianças brincam nuas pelas ruas e jogam futebol pelo centro da ilha junto do porto.
Impera aqui a simplicidade e naturalidade de vida em que ninguém tem pressa para nada. Busco trabalho, para além daquele que me foi pedido, mas é difícil mover uma ilha como esta, aos poucos vou fazendo o que me deixam mais do aquilo que posso.
A ilha tem um potencial enorme que pode gerar plata muito fácil e rapidamente. Mas mais do que dinheiro e desenvolvimento de infra-estruturas há que educar as pessoas para o desenvolvimento. As ideias assaltam-me a cabeça todos os dias mas nem tudo é possível ou nem tudo se pode tornar realidade num curto prazo como gostaríamos.
O turismo tem crescido de forma exponencial nesta Isla del Sol e se na parte sul da ilha já se desenvolve a “olhos vistos” com restaurantes e hostais de mediana qualidade tendo em conta o turismo que tem recebido, na parte norte (onde estou, fica a 3horas de caminho) está tudo ainda por fazer.

As crianças habituam-se a pedir moedas aos turistas que vem, tentam impingir lugares para comer ao mesmo tempo que pulseiras e colares com símbolos dos deuses de cá. E a necessidade de fazer dinheiro é tão grande que muitos se encostam ao facilitismo que é tentar “roubar” os estrangeiros que por cá passam, os olhos deles e cabeça tem mudado muito com a entrada de plata estrangeira. Como aconteceu ontem e me surpreendeu (mas já não devia..) em que tentava que me emprestassem um radio para poder festejar com musica os anos do Kristofer. E no meio dos miúdos que eu pensava já estarem do meu lado oiço-os dizer “Emprestar, não! Só alugar”
Saí triste de coração apertado mas com ainda mais vontade de aproveitar ao máximo estes dias que cá estarei para passar alguma coisa que os possa fazer pelo menos pensar mudar de atitude ou algumas ideias. Não quero mudar vidas de ninguém, apenas alguma maneira de pensar que posso achar não estar tão bem enquadrada para o mundo e vida em comunidade e sociedade que temos…assim como eu me deixo entrar nesta simplicidade e aprender com os pés descalzos deles.

Começo a conhecer melhor as pessoas e identificar famílias e Pancho já não é um nome estranho aqui na ilha. A pesar de todas as fatiotas que utilizam as senhoras e crianças. Que parece que se escondem atrás delas mesmas, vão-se deixando abrir e abraçar por nós que cá estamos. No entanto não posso deixar de notar que há uma diferença grande Argentina y Uruguai de gente cálida para um Chile parecido mas menos de abraços e cegar a Bolívia que se distancia de forma natural das pessoas de fora. Há que ter mais paciência e querer ser integrado, porque para além dos vestidos, cartolas e hauayos somos todos humanos de coração e é ai mesmo que todos somos autênticos e puros. Há que querer chegar lá e deixarmo-nos contagiar pela boa diferença de realidade cultural que há…

Os dias continuam a ser passados, da parte da manha, com as aulas de inglês a todos os anos da escola (um de cada vez) e, da parte da tarde, aula de inglês para os guias de turismo. A necessidade de comer e de ter um chocolate, que seja, na mesa de casa é tão grande que se esforçam por absorver todas as palavras novas e verbos que lhes passamos nas diárias classes ao fim da tarde.
Para além destas aulas aproveitamos para traduzir tudo o que é texto que está no museu e ainda acompanho, pela manha, antes da escola, o guia turístico (traduzindo sempre que necessário) no seu tour do museu até as ruínas porque há sempre turistas que não entendem espanhol. Aproveito para conhecer as necessidades dos guias (13) e vocabulário que lhes faz mais falta.
E como quando fazemos o que gostamos há sempre mais tempo do que aquele que pensamos vou conhecendo os negócios que cá há e tentando ajudar com ideias e sugestões simples mas que por vezes podem fazer diferença. Por um pouco em pratica o que aprendi na universidade, ajuda-me a mim e a eles…assim o espero!!
Haja o que houver,
O boliviano vai continuar a remar
E enquanto o lago aqui estiver
Truta não vai faltar!!

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